Em pouco mais de cinco meses, antigos expoentes do bolsonarismo e eminências pardas do governo anterior passaram de pedra a vidraça e, hoje, estão arrolados em processos judiciais ou estão sendo investigados. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Correio, essa situação deve, em algum momento, respingar no ex-presidente — cujo efeito menos grave seria a perda dos direitos políticos.
Além de inquéritos que correm nos tribunais superiores —como, por exemplo, a investigação das joias sauditas e o suposto envolvimento intelectual em atos golpistas —, Bolsonaro entrou na mira da Polícia Federal (PF) com a Operação Venire, que apura um esquema de inserção de dados falsos, no sistema do Ministério da Saúde, sobre a vacinação do ex-presidente contra a covid-19.
Na fraude dos cartões de imunização, o ex-ajudante de ordens do então presidente, tenente-coronel Mauro Cid — preso desde a última semana — é peça-chave. Segundo as investigações, teriam sido falsificados os certificados de vacinação de Bolsonaro e da filha caçula, hoje com 12 anos. O militar também teria obtido o documento irregularmente para si, a mulher e as filhas.
Cid também é investigado no inquérito que apura a propagação de notícias falsas por Bolsonaro. Em uma live realizada em outubro do ano passado, o ex-presidente relacionou a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) à vacina contra a covid-19. O tenente-coronel ajudou a produzir o material divulgado pelo então presidente e, por isso, também foi incluído no inquérito da PF.
Em outra polêmica, o militar auxiliou Bolsonaro a realizar o PowerPoint apresentado durante reunião com os embaixadores, no Palácio da Alvorada, no ano passado, na qual o ex-presidente atacou o processo eleitoral brasileiro. Cid ainda é alvo de uma investigação, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), por vazamento de dados sigilosos de um inquérito sobre ameaças às urnas eletrônicas.
Fonte: correio braziliense